A Instituição Fiscal Independente projeta crescimento do PIB brasileiro e inflação em 2023
A Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgou recentemente o Relatório de Acompanhamento Fiscal de novembro, no qual projeta o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e a variação da inflação nos próximos anos. De acordo com a IFI, o PIB deverá apresentar um crescimento de 3% em 2023, perdendo força em 2024 e crescendo apenas 1,2%, convergindo depois para um nível de 2% nos anos seguintes. Quanto à inflação, a estimativa é de uma variação de 4,6% neste ano e de 4,0% no ano que vem, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) convergindo para o centro da meta buscada pelo Banco Central nos anos posteriores.
Fatores de incerteza no cenário internacional
Apesar das projeções otimistas, a IFI alerta que há incertezas no plano doméstico e elementos adversos no cenário externo que podem impactar esses cenários delineados. A eclosão do conflito no Oriente Médio em outubro, por exemplo, introduziu novos desafios ao cenário internacional, embora ainda não tenha impactado de forma significativa os preços das commodities e a taxa de câmbio.
Além disso, a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos, especialmente as de longo prazo, gera incertezas sobre a extensão do ciclo de redução de juros implementado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. Essa elevação está relacionada ao aumento do prêmio fiscal devido aos déficits nominais persistentes nos Estados Unidos.
Impacto nas receitas primárias da União
O cenário macroeconômico projetado pela IFI afetará as receitas primárias da União. Segundo a instituição, as projeções consideram a perda de ímpeto das receitas devido ao arrefecimento nos preços das commodities e à impossibilidade de mensurar, neste momento, os eventuais efeitos positivos da reforma tributária.
Com esses cenários de médio prazo atualizados, a IFI reafirma a percepção de que o quadro fiscal do setor público é desafiador e ainda há muito a ser feito para alcançar o controle das contas públicas. Segundo a instituição, isso é uma condição essencial para o equilíbrio macroeconômico e a manutenção de um processo de desenvolvimento sustentado.
Dívida bruta brasileira e metas fiscais
Nos cenários traçados pela IFI para a evolução da dívida bruta brasileira nos próximos anos, mesmo considerando o novo arcabouço fiscal, a estabilização da dívida pública só seria alcançada com o aumento das receitas em proporção do PIB. Somente dessa forma o governo conseguiria alcançar as metas fiscais anunciadas para o período de 2023 a 2026.
No entanto, a recomposição em curso de diversas despesas primárias tornará o cumprimento das metas de resultado primário do governo central mais desafiador. As projeções calculadas pela IFI para a dívida bruta indicam elevação do indicador em todo o horizonte de projeção (2023-2033) no cenário base de referência. Isso traz riscos para a credibilidade da política fiscal, além de dificultar o cumprimento das metas fiscais.
Conclusão
A IFI projeta um crescimento significativo do PIB brasileiro em 2023, porém alerta para os riscos e incertezas existentes no cenário doméstico e externo. As projeções indicam também uma variação da inflação próxima à meta buscada pelo Banco Central. No entanto, o controle das contas públicas e o cumprimento das metas fiscais ainda são desafios a serem enfrentados, especialmente diante do aumento da dívida bruta brasileira. Nesse contexto, é fundamental que sejam adotadas medidas para impulsionar as receitas e garantir a estabilidade macroeconômica do país.
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